O USO DA LINGUAGEM DE PROSA E POESIA EM AMBIENTES ESCOLARES


O uso da linguagem de prosa e poesia em ambientes escolares


Nomes: Ana Luiza Leite RA: F060FA1

               Fernanda Vitória Rangel RA: N421DG4

               Laura Arantes Lopes Macedo RA: D871110

               Lucas de Souza Silva RA: F008517

               Maria Fernanda Oliveira Silva RA: N460JJ8


1.    INTRODUÇÃO

A literatura é um direito de todos os cidadãos pelo fato de ser através dela que conseguimos nos expressar, nos entreter além de nos ajudar a absorver conhecimento (CANDIDO, Antônio. Vários escritos. O direito à literatura. São Paulo, 2004).
A arte literária é a técnica de usar as palavras como arte, comunicando-se com o público, expressando suas ideias e sentimentos, podendo retratar uma realidade ou criar um mundo imaginário.
Os gêneros são as diversas modalidades de expressão literária e os principais gêneros que devem ser trabalhados no ambiente escolar são: gênero poesia, gênero teatro ou drama, e gênero ficção ou prosa.

2.    GÊNERO POESIA

 Neste gênero há duas formas literárias:

Lírica: Na qual o poeta retrata na poesia o seu mundo interior, suas aventuras, seus sentimentos, suas angústias, ou seja, seu modo de ver o mundo.
Antigamente, no tempo de Aristóteles, a poesia lírica era cantada pelo “eu” lírico e junto a este canto, era tocado um instrumento musical chamado lira. Porém, nas concepções atuais dos gêneros literários não se toca a lira junto com a poesia cantada, mas em sua estrutura há uma certa musicalidade, como o uso de rimas, aliterações, assonâncias, etc.
O “eu” lírico utiliza em suas poesias líricas vários recursos estilísticos da linguagem poética, principalmente a metáfora para expressar suas emoções, se chamando subjetividade. E este ato da poética expressar seus sentimentos mais profundos denomina-se emocionalidade. A última característica da poesia lírica, mas não menos importante é a concentração, na qual se baseia em concentrar toda sua emoção em poemas relativamente curtos.
Suas espécies literárias podem ser em ditirambo, elegia, ode, hino, haicai, soneto, balada, canção, etc.

Exemplo 1

“Tu moça, eu quase velho... Entre nós dois, que horror,
Vinte anos de distância. Entre nós dois, mais nada.
E hoje, pensando em ti, pus-me a sonhar de amor
Somente por que vi por acaso, na estrada,
Sobre um muro em ruína, uma roseira em flor...”

(CARVALHO, Vicente de. Poemas e canções)

Exemplo 2

“Como contar-te o que passei?
Já eras moça... Eu, um menino...
Como contar-te o que passei
Seguiste alegre o teu destino...
Em pobres versos te chorei.
Teu caro nome abençoei

Vejo-te agora. Oito anos faz,
Oito anos faz que não te via...
Quanta mudança o tempo traz
Em sua atroz monotonia!
Que é do teu rio de alegria?”

(BANDEIRA, Manuel. A cinza das horas)

 Épico: Na qual é recitada, o seu objeto de imitação não é mais o mundo interior do “eu” lírico, mas sim o mundo exterior das grandes ações dos homens concedidas pelas bênçãos dos deuses.
A espécie literária do gênero épico se chama epopeia ou poesia épica.

Exemplo 1

Canto I

“As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram; “

(CAMÕES, Luiz de. Os Lusíadas)

3.    GÊNERO TEATRO OU DRAMA

 Este gênero é representado, ou seja, os personagens encenam a história, usando vestimentas, jogo de luzes, cenários, etc. Retratando as relações sócias do homem comum.
Suas formas literárias podem ser:
          Drama
          Tristeza
          Comédia
E com as formas literárias, suas espécies podem ser de: mistérios, farsas, autos, óperas, entre outras.

Exemplo 1

 “ANJO Ó cavaleiros de Deus,
a vós estou esperando,
que morrestes pelejando
por Cristo, Senhor dos Céus!
Sois livres de todo mal,
mártires da Santa Igreja,
que quem morre em tal peleja
merece paz eternal.”

(VICENTE, Gil. O Auto da Barca do Inferno)

4.    GÊNERO FICÇÃO OU PROSA

 Suas formas literárias podem ser:
          Conto
          Novela
          Romance
          Crônica
Sendo suas espécies e seus objetos de imitações regionalistas, urbanos, históricos ou sentimentais.

Exemplo 1

Dentro de um abraço

Onde é que você gostaria de estar agora, nesse exato momento? Fico pensando nos lugares paradisíacos onde já estive, e que não me custaria nada reprisar: num determinado restaurante de uma ilha grega, em diversas praias do Brasil e do mundo, na casa de bons amigos, em algum vilarejo europeu, numa estrada bela e vazia, no meio de um show espetacular, numa sala de cinema assistindo à estreia de um filme muito esperado e, principalmente, no meu quarto e na minha cama, que nenhum hotel cinco estrelas consegue superar – a intimidade da gente é irreproduzível.
Posso também listar os lugares onde não gostaria de estar: num leito de hospital, numa fila de banco, numa reunião de condomínio, presa num elevador, em meio a um trânsito congestionado, numa cadeira de dentista. E então? Somando os prós e os contras, as boas e más opções, onde, afinal, é o melhor lugar do mundo?
Meu palpite: dentro de um abraço.
Que lugar melhor para uma criança, para um idoso, para uma mulher apaixonada, para um adolescente com medo, para um doente, para alguém solitário? Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro. Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, tanto melhor. Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve. Que lugar melhor para um recém-nascido, para um recém-chegado, para um recém-demitido, para um recém-contratado? Dentro de um abraço nenhuma situação é incer-ta, o futuro não amedronta, estacionamos confortavelmente em meio ao paraíso.
O rosto contra o peito de quem te abraça, as batidas do coração dele e as suas, o silêncio que sempre se faz durante esse envolvimento físico: nada há para se reivindicar ou agradecer, dentro de um abraço voz nenhuma se faz necessária, está tudo dito. Que lugar no mundo é melhor para se estar? Na frente de uma lareira com um livro estupendo, em meio a um estádio lotado vendo seu time golear, num almoço em família onde todos estão se divertindo, num final de tarde à beira mar, deitado num parque olhando para o céu, na cama com a pessoa que você mais ama? Difícil bater essa última alternativa, mas onde começa o amor, senão dentro do primeiro abraço?

(MEDEIROS, Martha. Feliz por nada)

Mas nesta publicação iremos aprender sobre o haicai, na qual é do gênero poético lírico e sobre o conto de terror, na qual é do gênero ficção ou prosa.

5.    GÊNERO ESCOLHIDO PARA SER TRABALHADO: HAICAI

Haicai - do japonês haiku, surgiu no século 16 tendo como pioneiro deste tipo de expressão literária o japonês Matsuo Basho, mas só chegou no Brasil no século 20. Os poemas são caracterizados pela simplicidade e pela brevidade. É composto por três versos, sendo ao total dezessete silabas, o primeiro e o terceiro verso com cinco e o segundo verso com sete silabas, porém, sua métrica não é muito rigorosa podendo variar desde que mantenha as dezessete silabas.
Pelo fato de serem poemas simples, eles podem ou não ter títulos e rimas, tendo como tema a natureza e a relação do homem com ela. A linguagem é cotidiana e objetiva, pois, procura retratar o momento vivenciado pelo autor, como se fosse uma fotografia.
O haicai é considerado um diálogo entre o autor e o leitor, então a sua composição não pode ser descritiva, já que a emoção que o autor teve naquele momento deve ser somente sugerida para que o leitor consiga contextualizar de acordo com sua vivencia.

Exemplo 1

Partida

Partida, hora amarga
Enche-se alma de saudades
E os olhos de lagrimas ...

(CUIABANO, Ulisses. Partida)

Exemplo 2

Cai, riscando um leve
Traço dourado no azul,
Uma flor de ipê !

(MASUDA, Hidekazu)

Abaixo pode-se ler um haicai criado por Fernanda Vitória Rangel, uma das integrantes do grupo deste trabalho:

Ansiedade

Temo por um fim
Angustiantemente assim
Um anseio que parte de mim

(RANGEL, Fernanda Vitória. Ansiedade)

6.    GÊNERO ESCOLHIDO PARA SER TRABALHADO: CONTO

              Conto é um gênero textual de caráter ficcional, que tem como objetivo contar de forma curta uma situação imediata através de um ponto de vista do narrador. Assim, uma das características do conto é que ele se restringe a nos apresentar o essencial de seus elementos, como seus personagens, espaço ou o tempo em que se passa.
            Por ter essa natureza objetiva, o conto se diferencia de outros gêneros ficcionais como o romance por exemplo, ao contrário do romance que pode possui diferentes tramas e mais de um clímax, o conto se detém a um só conflito e único clímax. Outra característica que difere esses dois gêneros textuais é o fato de que um conto se baseia em uma situação atual, conta a história no modo presente, enquanto o romance vai falar sobre um acontecimento passado, ou as consequências que tal acontecimento causou ao longo do tempo.
            Outro gênero que constantemente é confundido com o conto, é a crônica. Aqui fazemos a diferenciação através de seu enredo, afinal as características realmente são muito parecidas, mas apesar de ambos serem ficcionais, a crônica foca em contar situações cotidianas e atuais, enquanto o conto foca em um lado pouco mais fantasioso.
            A melhor forma de identificar um conto é conhecendo esse gênero que está presente em nossa jornada literária desde os primeiros passos, através do conto de fadas. Contos podem ser ficcionais sem serem fantasiosos, temos contos de terror, contos infanto-juvenis, contos fantasiosos. É só escolher o subgênero que te agrada mais e começar a explorar.
Abaixo pode-se ler um conto criado por Ana Luiza Leite, uma das integrantes do grupo deste trabalho:

A janela emoldurada
            Duas semanas antes do Natal, Erica tinha sido expulsa de seu apartamento alugado, o proprietário alegava precisar do imóvel com urgência, e sem contrato formal ela se viu obrigada a correr com seus pertences. O salário só conseguiu encontrar morada em um prédio antigo de um bairro esquecido, onde todos diziam ser perigoso, tanto pela criminalidade quanto pela fama de mal-assombrado.
            Mas Erica não era mulher de ter medo de nenhum dos dois, saiu de casa muito cedo para poder estudar e desde menina já tinha visto muita coisa mais assustadora; fome, incerteza, crueldade. Acima de tudo mantinha sua fé, e talvez por essa fé ela tinha energia para trabalhar como merendeira durante o dia e estudar para professora durante a noite, seria a primeira da família a ter diploma.
            Arrumando as coisas Erica se deparou com uma janela em frente a sua, nela uma garotinha sorria em cumprimento, a moça sorriu de volta e tornou a desempacotar.
            Passou Natal, ano novo, Pascoa e Erica finalmente conseguiu seu diploma, junto a ele uma vaga de professora por recomendação da diretora da escola onde ela trabalhava. Com a melhoria de salário já sonhava em se mudar para um lugar melhor, a única coisa que a prendia ali era a garotinha da janela ao lado. Manoela aparecia religiosamente toda tarde para conversar com Erica, enquanto a moça se trocava entre um turno e outro, ambas contavam sobre sua vida.
            Aliás, Erica e Manoela pareciam separadas apenas pelo vão entre um prédio e outro, em pouco mais de seis meses se tornaram amigas, provavelmente porque devido aos horários apertados a menina era a única vizinha que Erica conhecia. Mas a essa altura já sabiam tanto uma da outra, a criança escutava sobre a vida conturbada de Erica com toda a paciência, logo depois contava de seu mundinho; já sabia cozinhar, gostava de música, tinha medo de altura e depois das férias ia aprender conta de multiplicar e dividir na escola.
            Mesmo sem saber o motivo do súbito pedido de demissão da antiga professora, Erica aceitou começar a lecionar no meio do ano. La estava ela no seu primeiro dia, ouvindo as orientações da nova diretora enquanto se familiarizava com a escola. Até que a apresentação ganhou um tom pesado ao entrar em uma das salas, nela havia a foto de uma criança cercada por flores e mensagens de pesar, a diretora explicava que aquela era uma aluna que estudava na sala de Erica, a garota tinha caído da janela do prédio onde morava, os alunos ainda estavam abalados e seria necessária certa cautela.
            Ela não precisou olhar para a foto, havia a sensação de já conhecer aquela presença, ainda assim quando olhou suas pernas bambearam e foi necessária toda a fibra que ela construiu ao longo dos anos para conter o terror que sentia. O resto do dia de aula foi marcado pela apatia dos alunos, comportamento que ela espelhou para conseguir manter o controle.
            Ao chegar em casa se arrastou para a janela, com medo do que podia ver, ou pior, não ver coisa alguma. Mas viu, o quarto aceso, que servia de cenário atrás de Manoela, também viu a garota, dessa vez emoldurada em um quadro, exatamente como aquele cheio de flores na escola.
(LEITE, Ana Luiza. A janela emoldurada)

7.    ATIVIDADE PEDAGÓGICA – ENSINO FUNDAMENTAL II

Leia abaixo um pequeno texto sobre um tipo de poema chamado haicai de origem japonesa:
Haicai é uma representação poética, de origem japonesa. Os poetas brasileiros que produzem haicais procuram respeitar algumas regras que lhes são próprias: poemas delicados de apenas três versos que procuram traduzir, em poucas palavras, um inesperado encanto na simplicidade da natureza.

1) De acordo com as características de um haicai, é correto afirmar que:

(a) O haicai é composto por quatro versos.
(b) O haicai não é considerado um diálogo entre o autor e o leitor.
(c) É caracterizado pela simplicidade e brevidade.
(d) É obrigatório que haja títulos e rimas em um haicai.

2) Leia o seguinte haicai:

travesso gato
com saudade do dono
mija no sapato

(SEABRA, Carlos)

Das características abaixo, assinale qual o autor não utilizou:

(a) O autor não foi simples e breve.
(b) O autor não referenciou a solidão e uma estação do ano.
(c) O autor não apresentou um título, algo essencial para um haicai.
(d) O autor não utilizou três versos.

3) Com base na leitura do Poema Haicai, produza o seu próprio texto Haicai.

4) Interprete o Haicai abaixo e faça o que se pede:

  molde de massinha
  o robô de brinquedo
  ganha um coração

A) Como é a estrutura desse haicai?

B) Quem foi o pioneiro da manifestação do haicai?

5) O poeta Afrânio Peixoto tornou o haicai conhecido pelos leitores de seu livro “Trovas Populares Brasileiras”, publicado em 1919. Segue abaixo um de seus haicais:

 O ipê florido,
Perdendo todas as folhas,
Fez-se uma flor só.

Analise e discuta com os colegas, sobre qual estação o ator fala em seu haicai.

6) Baseado no que você aprendeu sobre o que é um conto, faça um paralelo entre a diferença do gênero conto com outros dois gêneros textuais.

7) Identifique no texto de Ana Luiza Leite, postado acima, os seguintes elementos característicos de um conto de terror:

A) Clímax (único);
B) Narrador;
C) Personagem principal;
D) Elemento ficcional;
E) Espaço e tempo em que se passa;

8.      REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BLOG NOVA ESCOLA. Que tal inovar a proposta e ler e escrever com haicai os poemas de origem japonesa. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/469/que-tal-inovar-a-proposta-e-ler-e-escrever-com-haicais-os-poemas-de-origem-japonesa Acesso em: 09 de outubro de 2019
BLOG RECANTO DAS LETRAS. Haicais. Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/haikais/2713827 Acesso em: 09 de outubro de 2019
BLOG MENSAGENS COM AMOR. Trechos “Feliz por nada”. Disponível em: https://m.mensagenscomamor.com/trechos-feliz-por-nada Acesso em: 09 de outubro de 2019
SIQUEIRA, BERTOLIN. Curso completo de Português 2° grau. Companhia editora nacional, São Paulo, 1980.
D’ONOFRE, Salvatore. Teoria do texto 2. Teoria da lírica e do drama. Ática, São Paulo, 2006. Capítulo 2, p. 56 e 57.
CANDIDO, Antônio. Vários escritos. O direito à literatura. São Paulo, 2004.
BLOG TODA MATÉRIA. Conto. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/conto/ Acesso em: 19 de outubro de 2019
BLOG INFOESCOLA. Conto - Redação. Disponível em: https://www.infoescola.com/redacao/conto/ Acesso em: 19 de outubro de 2019
BLOG PORTABILIS. Praticas pedagógicas – 6 exemplos para sala de aula. Disponível em: https://blog.portabilis.com.br/praticas-pedagogicas-6-exemplos-para-sala-de-aula/ Acesso em: 19 de outubro de 2019
BLOG NOVAESCOLA. Poemas de grandes escritores para alfabetizar os pequenos. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/5330/grandes-obras-de-escritores-para-alfabetizar-os-pequenos Acesso em: 19 de outubro de 2019
BLOG LEITURINHA. Poemas famosos para ler para as crianças. Disponível em: https://leiturinha.com.br/blog/10-poemas-famosos-para-ler-com-as-criancas/ Acesso em: 19 de outubro de 2019








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