A SEMIÓTICA PRESENTE NO PARQUE VICENTINA ARANHA
INTRODUÇÃO
Semiótica corresponde aos estudos dos signos, que são elementos que representam significado ou sentido para os seres humanos, com base em todos os sistemas de comunicação de uma sociedade.
Existe uma divisão da Semiótica denominada de Semiótica Social, que consiste em uma abordagem que investiga o “fazer significar” dos humanos de acordo com as circunstâncias sociais e culturais que os cercam, com o objetivo de usar as práticas sociais para geração de significado.
Dentro dessa divisão existe um conceito conhecido como “multimodalidade”. Fazendo uma análise literal do termo, multi corresponde a vários ou muitos e modalidade corresponde às linguagens, dessa forma uma variedade de linguagem presentes em uma comunicação. Exemplos práticos desses conceitos são histórias em quadrinho ou charges que possuem a linguagem verbal e não verbal presentes na comunicação.
Com base nessa estrutura semiótica, será realizada a análise semiótica social de acordo com as multimodalidades presentes no Parque Vicentina Aranha, localizado em São José dos Campos.
PARQUE VICENTINA ARANHA
O Parque Vicentina Aranha está localizado na Rua Engenheiro Prudente Meireles de Morais, Nº 302 – Vila Adyana, em São José dos Campos. Ocupando uma área de 84.500 m², o local conta com 80% de áreas verdes e pistas para caminhada, bem como pavilhões projetados pelo arquiteto Ramos de Azevedo, fazendo do parque uma representação de preservação ambiental, cultural e histórica para a cidade.
Atividades culturais, físicas e ambientais são oferecidas diariamente no local, principalmente ao ar livre, destinadas aos mais de 70 mil visitantes mensais que recebe, que buscam atrações musicais, cinema, teatro, arte, história e muito mais.
O Parque Vicentina Aranha funciona todos os dias das 06h às 21h, sendo que atualmente, em situação de pandemia, só estão sendo permitidas atividades de caminhada e corrida, com todas as normas e determinações que visam a segurança dos frequentadores do Parque, bem como a minimização da proliferação do Corona vírus.
SANATÓRIO VICENTINA ARANHA
No início do século XX doenças epidêmicas, como a tuberculose, se alastraram pelo país e uma ação era necessária para evitar uma catástrofe. São Paulo era o estado com maior capacidade para tratamento dessas doenças.
Vicentina de Queiroz Aranha, esposa do senador Olavo Egídio, que atuava no combate à doença, iniciou uma campanha para a construção de um sanatório que tratasse os tuberculosos e lhes desse assistência. Vicentina faleceu em 1916, mas sua campanha não foi abandonada, mesmo após sua morte. O senador levou avante a ideia de sua esposa.
Figura 1: Vicentina de Queiroz Aranha
Fonte: https://www.pqvicentinaaranha.org.br/timeline
Inaugurado pela Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, em 27 de abril de 1924, o Sanatório Vicentina Aranha foi o maior centro de tratamento de tuberculose da América Latina, frente à necessidade de isolamento dos pacientes que a doença requeria, sendo o primeiro construído na cidade de São José dos Campos e um dos pioneiros no Brasil.
Figura 2: Sanatório em processo de construção
Fonte: https://www.pqvicentinaaranha.org.br/timeline
O edifício foi elaborado pelo arquiteto paulista Francisco de Paula Ramos de Azevedo e realizado pelo engenheiro Augusto Toledo. O local de construção escolhido era fora da cidade de São Paulo e ideal para isolamento e descanso, e era muito arborizado, com eucaliptos e bambus, para proteger dos ventos frios.
Figura 3: Sanatório quando foi inaugurado
Fonte: https://www.pqvicentinaaranha.org.br/timeline
Entre 1924 e 1945 o local passou por diversas reformas e construções, adquirindo capela, necrotério, casa interna do médico, bem como outros espaços.
As informações sobre a tuberculose foram sendo desvendadas, passando do tratamento às possibilidades de cura, sendo assim, após 1945 o sanatório foi reduzindo suas atividades e em 1990 passou a abrigar um Hospital Geriátrico, por decisão da Santa Casa.
Em 28 de Agosto de 1996 o local foi intitulado como área de preservação, desde a área até os edifícios, pela Lei Municipal n.º 4.928/96.
Figura 4: Interior do parque visto de cima
Fonte: https://ajfac.org.br/ctd_noticias_detalhes.php?id=NTQ=
A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, encerrou suas atividades em 28 de janeiro de 2004 e o local foi adquirido pela Prefeitura de São José dos Campos em dezembro de 2006.
A ESTRUTURA DO LOCAL
Atualmente o parque conta com seis pavilhões (Pavilhão Central, Pavilhão São José, Pavilhão Marina Crespi, Pavilhão São João, Pavilhão Alfredo Galvão e Pavilhão da Companhia Paulista das Estradas de Ferro), uma capela, o prédio da antiga cozinha/refeitório e antiga lavanderia.
Figura 5: Mapa do parque
Fonte: https://www.pqvicentinaaranha.org.br/mapa-do-parque
Os pavilhões passaram e ainda passam por reformas regulares de restauração.
Figura 6: O parque visto de cima
Fonte: https://www.pqvicentinaaranha.org.br/o-parque
A capela presente no local, por exemplo, foi reestruturada e reformada.
Figura 7: Imagem recente da capela
Fonte: https://diocese-sjc.org.br/tag/vicentina-aranha/
Atualmente o parque tem todo o seu interior preservado e tratado por profissionais para manter a saúde da fauna e da flora presentes ali e para preservar a história e cultura para a visitação pública.
Figura 8: Pavilhão central
Fonte: https://www.pqvicentinaaranha.org.br/o-parque
O QUE É SEMIÓTICA?
Semiótica é a ciência que estuda os signos e seus significados. Pode ser dividida em:
· Sintaxe: estudo das relações entre os signos.
· Semântica: relação entre os signos e aquilo que eles designam ou representam.
· Pragmática: relação entre os signos e seus intérpretes ou utilizadores.
Essa ciência busca entender como o ser humano interpreta as coisas presentes no ambiente que o cerca, ou seja, como o indivíduo atribui significado a tudo o que está ao seu redor.
Os objetos de estudo da semiótica são muito amplos, variando entre qualquer tipo de signo social, por exemplo, seja nas artes visuais, música, cinema, fotografia, gestos, religião, moda, etc.
Quase tudo o que existe pode ser analisado a partir da semiótica, uma vez que para que algo exista na mente humana, precisa ter uma representação mental do objeto real.
A semiótica teve sua origem na Grécia Antiga, mas apenas se desenvolveu no começo do século XX, a partir do trabalho de alguns pesquisadores, como linguística e filósofo Ferdinand de Saussure (1857-1913), e Charles Peirce (1839-1914), considerado o "pai” da Semiótica.
A SEMIÓTICA PRESENTE NO VICENTINA ARANHA
Em todo o complexo do parque é possível encontrar exemplos relacionados diretamente com a semiótica, como desenhos, mapas e placas que são representantes diretos dos significados dados para os signos presentes no local.
Logo na entrada do parque está disponível um mapa do local, com as indicações de onde cada pavilhão está localizado e uma legenda nomeando e indicando os direcionamentos dos locais. Esse mapa representa um ícone com relação à semiótica, pois possui semelhanças com o objeto representado, inclusive consiste numa réplica exata do local, em formato de mapa.
Figura 9: Mapa na entrada do parque
Fonte: foto tirada no local
Em frente a cada pavilhão/área há uma espécie de placa informativa, com uma foto mais clássica do local, bem como o nome referente, informações sobre inauguração, metragem, autoria do projeto e uma breve história em português e em inglês. Na porção inferior da placa nota-se outra espécie de mapa com a identificação daquele local representado no mapa com relação aos outros que o cercam. Essas placas, em sua maioria, podem ser entendidas, também, como ícones, pois nelas é possível encontrar fotografias do objeto ao qual se refere, assumindo a condição de substituto desse objeto.
Figura 10: Placa em frente à Capela Sagrado Coração de Jesus
Fonte: foto tirada no local
Andando um pouco mais pelo parque é possível notar algumas placas informativas, como por exemplo placas solicitando que não alimentem os animais, pois estes já são tratados por profissionais do local.
Figura 11: Comunicado para não alimentar os animais
Fonte: foto tirada no local
O parque conta com um patrimônio natural muito rico, com uma diversidade de fauna e flora bastante ampla. Em cada espécie presente no parque há uma plaquinha informativa com seu nome científico.
Figura 12: Plaquinha nomeando uma árvore Sapucaia
Fonte: https://www.pqvicentinaaranha.org.br/patrimonio-natural
Formas de comunicação visual estão presentes em toda a área do parque e ajudam o visitante a entender melhor do que se trata aquele local que está visitando, ou o que está sendo visto. Esse tipo de comunicação adicional enriquece o conteúdo oferecido pelo parque e torna a visita muito mais informativa.
CONCLUSÃO
A semiótica é uma ciência presente em diversos aspectos de uma sociedade, desde a educação até a publicidade e sua importância deve ser destacada.
Ao se aprofundar no assunto é possível compreender que independente de onde estivermos e o que estivermos olhando, a semiótica está presente de alguma forma.
Por isso o Parque Vicentina Aranha foi escolhido para abordar esse tema, uma vez que o local é repleto de história, cultura e natureza, e com aplicações semióticas multimodais em toda a área que o parque abrange.
Ao revisitar o parque após tem o conhecimento do conteúdo estudado na matéria deste semestre, pudemos olhas todos os aspectos com novos olhos e interpretar os recursos oferecidos com um olhar diferente.
BIBLIOGRAFIA
O Parque. Parque Vicentina Aranha. Disponível em: <https://www.pqvicentinaaranha.org.br>. Acesso em: 10 Set. 2021.
Sanatório Vicentina Aranha. Fundação Cultural Cassiano Ricardo. Disponível em: <http://www.fccr.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=332:sanatorio-vicentina-aranha-&catid=134:bens-preservados&Itemid=159>. Acesso em: 06 Set. 2021.
Semiótica. Infoescola – Navegando e Aprendendo. Disponível em: <https://www.infoescola.com/filosofia/semiotica/>. Acesso em: 27 Set. 2021.
Significado da Semiótica. Significados. Disponível em: <https://www.significados.com.br/semiotica/>. Acesso em 28 Set. 2021.
Comentários
Postar um comentário