A SEMIÓTICA SOCIAL E A MULTIMODALIDADE TEXTUAL COMO OBJETO DE ANÁLISE EM CINE SANTANA



INTRODUÇÃO

 

O estudo da semiótica contempla a ideia de que a cultura existe em decorrência da comunicação, sendo a ciência que visa compreender a produção de significado através da linguagem verbal e não-verbal. A Semiótica Social baseia-se em buscar o significado do discurso, levando em consideração a história social, psicológica e cultural desses elementos. Esse processo é muito único e não pode ser definido de maneira arbitrária.

 

(…) o estudo geral da semiose, isto é, dos processos da produção e reprodução, recepção e circulação dos significados em todas as suas formas, utilizadas por todos os tipos de agentes de comunicação (…). A semiótica social focaliza a semiose humana, compreedendo-a como um fenômeno inerentemente social em suas origens, funções, contextos e efeitos (…). Os significados sociais são construídos por meio de uma série de formas, textos e práticas semióticas de todos os períodos da história da sociedade humana. (HODGE E KRESS, 1988, p. 261).

 

Quando adentramos no estudo da semiótica visando o conceito da multimodalidade, entendemos que a semiótica está presente no nosso cotidiano de diversas formas, sendo essas: textos, músicas, cores, gráficos, imagens, o jogo entre mais de um elemento e escolhas lexicais. A multimodalidade visa entender a complexidade desses discursos e como eles estão inseridos e interpretados na nossa sociedade. O objetivo deste artigo é entender e analisar a semiótica presente no Cine Santana, um patrimônio histórico e cultural da cidade de São José dos Campos, e como sua história e influência para vida dos moradores contribuíram para seu inestimável significado.

 

Um ‘tecer’ junto, um objeto fabricado que é formado por fios ‘tecidos juntos’ – fios constituídos de modos semióticos. Esses modos podem ser entendidos como formas sistemáticas e convencionais de comunicação. Um texto pode ser formado por vários modos semióticos (palavras e imagens por exemplo) e portanto, podemos chegar à noção de multimodalidade. Com o advento de materiais computadorizados, multimídia e interacional, esta forma de conceituar a semiose se torna cada vez mais pertinente. (KRESS 1995, p.7.11)

 

 

 

 

O CINE SANTANA – HISTÓRIA

 

 

O ponto que hoje é um marco cultural da cidade de São José dos Campos foi inaugurado em 1952, na Avenida Rui Barbosa, 2005, no bairro Santana. Na época ganhou notoriedade pela exibição de filmes internacionais e nacionais como do Mazzaropi, apresentações de artistas como Roberto Carlos e por se tornar ponto de encontro para moradores do bairro e região.

O maior mérito da criação do Cine Santana foi contribuir para criação de uma cultura de sociabilidade, onde as pessoas da região se reuniam para assistir produções culturais. Tanto que até hoje ele é descrito como um local que abriga memórias dos moradores do bairro, e existem inúmeros relatos de pessoas que o frequentavam em sua infância ou adolescência. 


Podemos observar o relato de Vicente Gonçalves e Maria Aparecida. O casal contou sua história para o documentário “Com o passar do tempo” exibido em comemoração aos 62 anos de história do Cine Santana. O documentário conta diversas histórias atreladas a esse marco cultural, e entre elas, a bela história de como em 1957 Vicente avistou uma bela moça pelas salas do Cine Santana que se chamava Maria, e desde então não se desgrudaram mais.


Essa história e tantas outras nos mostra como o Cine Santana afetou diretamente a vida, a história e o desenvolvimento dos moradores e da cidade.

 

Com o início da década de 80 sofreu uma desestabilização decorrente a popularização de televisão e acabou caindo em esquecimento, precisando se adaptar a modernidade. Passou por transformações para continuar aberto, chegou a trabalhar com exibição de filmes adultos e disponibilização do espaço para cultos religiosos.

            Em 1994 a Fundação Cassiano Ricardo aluga o local o tornando novamente referência de atividades culturais, não se limitando apenas a exibição de filmes, mas peças de teatro, apresentações de dança, formaturas e oficinas de forma gratuita. Hoje é chamado de Casa de Cultura Cine Santana, com capacidade para 300 pessoas

            Em 12 de julho de 2002 se tornou Patrimônio Cultural Preservado pela lei n° 6135 assinada pelo prefeito em da época Emanuel Fernandes.



A SEMIÓTICA NO CINE

Existe todo um trabalho de preservação a história do local, além do projeto “Cartas para Santana” que foi criado pelo programa "Memórias" pela Fundação Cassiano Ricardo em 2015, que incentiva moradores e admiradores locais a escrever cartas contando suas lembranças e histórias da região. Podemos observar o enorme empenho em preservar a estrutura original do espaço, mesmo após passar por diversas reformas, foram mantidas uma fileira de cadeiras originais, assim como o piso da década de 50 que foi apenas restaurado e um projetor original que representava o auge do espaço e todas as suas memórias.

Todo esse trabalho de preservação faz com que o espaço cultural dialogue com os moradores, a importância do local é estruturada na memória da população, fazendo com que ele seja um símbolo não só na vida de muitas pessoas, como da história de São José dos Campos. A riqueza dos relatos de uma comunidade, provam como o significado discursivo foi construído de maneira ampla. As histórias individuais e significativas construídas em um espaço comum transforma o Cine Santana no que ele representa para cada joseense. Existem pessoas que encontravam os amigos, outras encontraram o amor para vida inteira, algumas pessoas descobriram sua vocação enquanto outras exploravam a sua juventude de maneira rebelde e independente. O espaço possui uma perspectiva única de pertencimento, pais, avós, filhos e netos compartilham de histórias nesse mesmo local, mesmo que em épocas diferentes a sensação de pertencimento e a herança cultural atravessa gerações. Mas quando trazemos o nome do Cine Santana existe um único significado para todos, e que só vai existir dentro do contexto de São José dos Campos.

 

 

CONCLUSÃO

Assim, a ideia que permeia o Cine Santana é construída na memória da população através da semiótica, o sentimento que ele desperta pode ser encontrado naquilo que Peirce chama de "terceiridade''. A Terceiridade diz respeito a quando o sujeito conecta o objeto a uma concepção individual ou coletiva, fazendo a ponte entre o objeto e as lembranças ou experiências que esse carrega. Também há presença de elementos da chamada “secundidade”, a preservação de lembranças físicas do período de inauguração que remete a materialização do signo.

Levando em conta a teoria de Semiótica Peirciana, a Casa de Cultura Santana se encaixa no que ele chama de “simbolo”, que significa uma ideia abstrata cujo significado é construído por uma associação de ideias construídas através de um meio social.

A semiótica presente no local é construída então de duas maneiras: na forma como se apresenta, preservando elementos originais da época de sua construção como pisos e projetores, objetos que se tornaram símbolo da época de seu auge e através da lembrança popular que cria uma atmosfera carregada de significado envolta do local.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ALUNOS:

ANA LUIZA LEITE DE OLIVEIRA F060FA1

EVELLYN DE SOUZA BARROS N5180A3

LARA LETÍCIA DE SOUZA ALVARENGA RA: N3906F1

LÚCIO DA MOTTA VIEIRA RA: F008070

MIGUEL AMORIM COLTRI AGUILAR RA: D88CFI3

VALDEMIR MOREIRA DOS SANTOS JUNIOR RA: N526AA0

VITÓRIA MARCELLY DA SILVA NUNES RA: F038CF5

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

DOS SANTOS, Záira Bomfante. A concepção de texto e discurso para semiótica social e o desdobramento de uma leitura multimodal. Revista Gatilho, v. 13, 2011.

 

 

CINE SANTANA | São José e Seus Lugares

https://www.youtube.com/watch?v=ZonJIjfYkqU

 

Casa de Cultura Cine Santana

http://www.fccr.sp.gov.br/index.php/espacosculturais/51-espaco-cultural-cine-santana.html

 

LEI Nº 6135 / 2002 de 12 de julho de 2002

http://www.fccr.sp.gov.br/index.php/comphac-sp-27657/legislacao-de-protecao-do-patrimonio-cultural/leis-municipais/302-lei-613502.html

 

"Com o Passar do Tempo" - Direção Fábio Alba

https://www.youtube.com/watch?v=kdpOcayApX0

 








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