A utilidade dos gêneros literários para as habilidades linguísticas
O uso de gêneros literários no
ensino, embora não costume ser enfatizado por educadores, pode trazer grandes
vantagens para o desenvolvimento da forma como indivíduos jovens interagem com
a língua. Literatura infantil, por exemplo, é uma das ferramentas mais
poderosas para se ensinar crianças pequenas a ler e escrever, além de ter o
potencial de trabalhar o desenvolvimento de aspectos morais com as temáticas de
certas histórias. Conforme as crianças crescem, podem ser empregados cada vez
mais gêneros literários com temáticas e linguagens mais estruturadas, desde
narrativas complexas que podem ajudar a desenvolver a percepção de descrições,
tempo, espaço e personagens a gêneros poéticos que possam ser usados para
desenvolver a percepção de ritmo e o uso criativo do vocabulário dos
indivíduos.
Alguns dos principais gêneros
literários úteis para o ensino são:
· Lendas;
· Mitos;
· Fábulas;
· Contos;
· Crônicas;
· Canção;
· Poemas;
· Poemas visuais;
· Cordéis;
· Quadrinhos;
· Tirinhas;
· Charge.
Segundo os Parâmetros
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental II, de 1998, as indicações
para alunos do 1º ao 5º ano têm como meta formar um leitor de qualidade,
promover a leitura autônoma (para desenvoltura de senso crítico), promover a
leitura em grupo (para desenvoltura da capacidade de interação), apreciar a
estética e o estilo dos textos, além de tornar os alunos capazes de ler e
interagir com textos em diversos formatos e contextos. Para alunos de 6º a 9º
ano, por outro lado, busca-se um foco no âmbito das interações sociais para
desenvolver os valores pessoais de cada indivíduo - emoção, sentimentos,
cognição, tradição, variações da linguagem, individualidade, etc. -, além de
formar leitores criteriosos com o saber das figuras de linguagem.
Um gênero literário interessante
de ser trabalhado no ensino é o conto, que se configura como uma história de
ficção baseada em fatos reais ou fictícios. Este gênero surgiu com contos da
tradição oral que foram adaptados à tradição escrita, e hoje se mostram
principalmente na forma escrita. O gênero geralmente contém vários personagens
que participam de uma única ação central, e há aqueles que acreditam que um
final chocante é um requisito indispensável desse gênero. Seu objetivo é
despertar uma reação emocional chocante no leitor. Embora possa ser escrito em
verso, total ou parcialmente, é geralmente prosa. Isso é feito através da
intervenção de um narrador, e com preponderância da narração sobre o monólogo,
o diálogo ou a descrição. O conto necessita de tensão, ritmo, o imprevisto
dentro dos parâmetros previstos, unidade, compactação, concisão, conflito,
início, meio e fim; Em termos de forma, o conto possui expressão ou linguagem
mais os elementos concretos e estruturados, como as palavras e as frases. Seu
conteúdo é imaterial (fixado e carregado pela forma); são as personagens, suas
ações, a história.
Assista o vídeo no link a seguir.
Este vídeo mostra um projeto voltado para as crianças do 1º ano com o tema de
gênero literário classificado como ‘conto’. Percebe-se a interação das crianças
com o tema e a professora ao ser entrevistada mostra todo o objetivo de
teatralizar o conto: https://www.youtube.com/watch?v=6iZRTOkMm1E
Veja a seguir também um exemplo
simples de conto:
A JOVEM E O VIAJANTE
Uma jovem morava em uma casa no
meio da floresta. Ela era muito triste e solitária.
Em um determinado dia ela avistou
um belo rapaz. Ele tinha cabelos loiros e olhos azuis que possuíam um brilho
intenso e ela se apaixonou por ele assim que o viu.
O jovem era um viajante que se
perdeu de seus companheiros. De repente ele começou a sentir-se mal e desmaiou
em frente a casa da jovem. Assim que ela o viu desmaiar, ela o pegou e o trouxe
para dentro de sua casa.
Então ela disse:
— Nossa! Ele está ardendo em febre!
Então a jovem pegou um balde de
água e molhou um pano e colou sobre a testa do rapaz, com a intenção de baixar
a sua temperatura.
Assim que a temperatura baixou,
ele abriu os olhos e pensou, eu devo estar morto, porque tem um belo anjo do
Senhor ao meu lado.
Pobre homem! Ele estava
delirando, pois não havia morrido, ele estava confundindo a jovem que o salvou
com um anjo do Senhor.
Mais tarde a jovem deu a ele um
remédio caseiro, que ela sempre tomava quando estava com febre. O remédio era
forte que curava a pessoa instantaneamente, com apenas um gole.
No dia seguinte o rapaz já tinha
se curado e despertado.
— Foi você senhorita que me
salvou e me curou?
— Sim, respondeu a jovem.
— Você é tão bela e meiga, aceita
casar comigo? Eu prometo fazê-la a mulher mais feliz do mundo!
Encantada pelas palavras do
jovem, ela aceitou o pedido e tornou-se uma mulher muito feliz.
-
Beatriz Christine Moreira
Outro
gênero literário pertinente a ser utilizado no ensino é o soneto. O soneto é um
poema de forma fixa, tem quatro estrofes, sendo as duas primeiras constituídas
por quatro versos (quartetos), cada uma, e as duas últimas de três versos
(tercetos). A forma mais comum é a classificada como decassílabo, geralmente
com acentuação rítmica na sexta e décima sílabas poéticas. A estrutura é a que
começa com uma introdução que apresenta o tema, se desenvolvendo em seguida. A
conclusão apresenta-se no último terceto, explicando seu significado.
Veja a
seguir um exemplo de soneto:
Teu Olhar
Teu olhar reflete no meu
Um olhar intenso e
verdadeiro
Teu olhar luminoso e
belo
Teu olhar esperançoso e
sincero.
Teu olhar me encantaste
Teu olhar amável e
singelo
Teu olhar és verdadeiro
e belo
Teu olhar profundo e
singelo.
Teu olhar amável e doce
Teu olhar esperançoso e
terno
Teu olhar resplandecente
e belo.
Teu olhar me acalma a
alma
Teu olhar me dá
esperança
Não perca esse olhar terno e singelo.
-
Beatriz Christine Moreira
Veja agora algumas atividades didáticas envolvendo um soneto
do autor Luís de Camões:
Eu cantarei de amor tão
docemente,
por uns termos em si tão
concertados,
que dous mil acidentes
namorados
faça sentir ao peito que
não sente.
Farei que amor a todos
avivente,
pintando mil segredos
delicados,
brandas iras, suspiros
magoados,
temerosa ousadia e pena
ausente.
Também, Senhora, do
desprezo honesto
de vossa vista branda e
rigorosa,
contentar-me-ei dizendo
a menos parte.
Porém, para cantar de
vosso gesto
a composição alta e
milagrosa,
aqui falta saber,
engenho e arte.
01. Na 1ª estrofe do soneto de Luís de Camões,
o eu-lírico expressa um desejo. Que desejo é esse?
a) De que as pessoas não
devem amar, porque o amor só traz sofrimento e amarguras.
b) De que as pessoas
consertem os seus erros e possam amar verdadeiramente.
c) De decifrar o amor,
porque, para ele, é um sentimento misterioso.
d) De conseguir nesta
vida um amor que possa lhe fazer feliz.
e) De que as pessoas que
não amam, possam desfrutar desse sentimento único, que é o amor.
02. Ao dizer “Farei que o amor a todos
avivente”, o eu-lírico quer que
a) o amor preencha o
vazio da vida das pessoas.
b) o amor dê vida,
alegria e transforme as pessoas.
c) o amor conquiste os
que têm medo de amar.
d) as pessoas vivam
exclusivamente pelo amor.
e) as pessoas não
queiram amar, porque ele faz sofrer.
03. No poema de Luís de
Camões, podemos verificar uma das características do Classicismo. Que
característica é essa?
a) A referência à
mitologia greco-latina.
b) A reverência ao
passado glorioso de Portugal e ao povo português.
c) A preferência por
temas universais, como o amor.
d) A preocupação com os
desconsertos do mundo.
e) O uso da medida
velha, com versos de 5 e 7 sílabas poéticas.
04. O eu-lírico
reconhece, na última estrofe, que
a) ele ama
incondicionalmente a sua musa e nada pode mudar isso.
b) ele não é capaz de
amar a senhora na intensidade que ela merece.
c) em seu coração não
cabe amor tão grande e sublime.
d) ele não tem força
para resistir a este amor que o maltrata.
e) ele não tem
competência para descrever poeticamente os gestos da amada.
05. Ao analisar o gênero
literário poesia, de Luís de Camões, podem ser considerados corretos os itens
I. O poema, conforme a
sua estrutura, pode ser classificado como soneto.
II. Os três últimos
versos são decassílabos.
III. Em todos os versos
do poema, verificam-se rimas ricas.
IV. A primeira e a
segunda estrofes são denominadas de quarteto.
V. As rimas das duas
primeiras estrofes são, quanto à sua posição na estrofe, classificadas como
paralelas.
a) I, II e IV.
b) I, III e V.
c) II, IV e V.
d) I, II e V.
e) II, III e IV.
06. Ao analisar a
expressão, “temerosa ousadia”, percebe-se o uso da figura de linguagem
a) Eufemismo.
b) Metáfora.
c) Ironia.
d) Paradoxo.
e) Prosopopeia.
07. Ao dizer “aqui falta
saber, engenho e arte”, a palavra “engenho”, neste verso, pode ser substituída
por
a) sabedoria.
b) orientação.
c) habilidade.
d) humildade.
e) esperteza.
Gabarito: 01.E; 02.B;
03.C; 04. E; 05. A; 06: D; 07.C
Grupo:
Adriana De Oliveira A. Minas
Beatriz Christine Moreira
Cláudio Adriano Da Costa
Cristina Nunes Takeda
Miguel Amorim Coltri Aguilar
Oliver Gadioli Cursino
Referências bibliográficas
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ -
Acessado em 11/11/2019 às 15:17
https://decifrandotextosecontextos.blogspot.com/2016/05/atividade-de-interpretacao-sobre-o_4.html - Acessado em 19/11/2019 às
15:15
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