Os Gêneros Literários em prosa e em poesia

Lista de Gêneros Literários em prosa e em poesia que são estudados no ensino fundamental II, tendo em vista a Base Nacional Comum Curricular, no campo artístico-literário, nos eixos de leitura, produção de texto e oralidade.

1. Gêneros em Prosa: 
  • Textos narrativos ficcionais;
  • Romances;
  • Contos de amor, humor, suspense e terror;
  • Minicontos;
  • Crônicas;
  • Mitos;
  • Narrativas de enigma e de aventura;
  • Novelas;
  • Biografias romanceadas;
  • Literatura infanto-juvenil;
  • Lendas brasileiras, indígenas e africanas;
  • Autobiografias;
  • Histórias em quadrinho;
  • Mangás;
  • Romances juvenis;
2. Gêneros em Poesia:
  • Poemas de forma livre;
  • Poemas de forma fixa;
  • Vídeo-poemas;
  • Poemas visuais;
  • Poema concreto;
  • Ciberpoema;
Contos

O conto é um gênero muito comum na literatura brasileira, quem nunca ouviu falar ou leu algum conto de Machado de Assis, Clarisse Lispector ou Monteiro Lobato? Estes, são grandes autores reconhecidos como excelentes contistas.

Vídeo de apoio

Para conhecer o conto de Machado de Assis, O Espelho, acesse: PANDORA VESTIBULARES. O Espelho de Machado de Assis. YouTube. 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=uhc_-RhzD7w 

Os contos pertencem ao gênero prosa e é um texto ficcional, ou seja, o autor cria um mundo imaginário, de ficção. Apesar de ser muito parecido com os romances e as novelas, esse gênero se diferencia por ter uma pequena extensão e apenas um clímax.

Características: 
  • Sua narrativa é linear e curta;
  • Linguagem simples;
  • Há poucos personagens evolvidos na história;
  • Normalmente, abrange apenas um tema;
  • Recorte temporal reduzido, contendo apenas um clímax;
O conto contém os seguintes elementos da tipologia narrativa:
  • Personagens: realizam e sofrem ações durante o decorrer da história, podem ser tanto seres humanos como animais, plantas ou objetos humanizados
  • Narrador: é aquele que narra, conta a história. Existem três tipos de narrador: 
  1. Narrador personagem: é aquele que narra a história em 1ª pessoa participando do enredo.
  2. Narrados observador: é aquele que narra a história em 3ª pessoa, não participando desta. 
  3. Narrador onisciente: este também não participa da história, porém, diferente do narrador observador, conhece o passado, o presente e o futuro de cada personagem.
  • Tempo: abrange tanto a época em que se passa o enredo, como o tempo de duração da narrativa;
  • Espaço: é o(s) cenário(s) em que ocorre(m) o enredo.
  • Enredo: é a sequência de ações que compõe a narrativa.
  • Conflito: a situação-problema vivenciada pelos personagens, no caso do conto, há apenas 1 conflito.
Basicamente, o conto tem uma estrutura fechada e objetiva dividido em: introdução, desenvolvimento e clímax. 

Veja a seguir:
  1. Introdução: há uma breve apresentação do tema, dos personagens, do local e do tempo em que acontece a história.
  2. Desenvolvimento: onde desenrola os acontecimentos e há o diálogo entre os personagens;
  3. Clímax: encerramento da narrativa com desfecho surpreendente.
Vídeo de Apoio: 

Para mais informações sobre o gênero, acessar: ESTILO E LITERATURA. O que é conto?. YouTube. 2018. Disponivel em: https://www.youtube.com/watch?v=F6KrHeHiRP4. 

Segundo a Base Nacional Comum Curricular, os contos trabalhados em sala de aula no Ensino Fundamental II devem abranger temas de amor, suspense, humor e terror, estimulando a imaginação e o interesse pela leitura. São indicados, também, pelo fato de apresentarem uma linguagem mais simples e uma extensão bem menor que outros gêneros, sendo mais fácil manejá-los em sala de aula.

Tendo em vista as características do gênero conto, veja abaixo um conto criado por Douglas Felipe chamado Debaixo do livro.

Debaixo do livro
Douglas Felipe

Levanto. Tomo Banho. Escova os dentes direito, eu digo pro espelho. Tomo um gole de café preto e saio correndo porque já está na hora de pegar o ônibus.
Dá tempo e vou sentado. Abro o livro, mas não me interesso muito porque sento na janela e dá pra ver as ruas. Os bairros aqui têm cores diferentes, é melhor olhar pra fora e imaginar do que olhar pro livro e imaginar estar fora. Agora entendo porque as pessoas contemplativas são tão desligadas, porque até que tem coisa bonita pra ver na rua. Acho que vejo um tucano, mas não sei até onde vai a biodiversidade da nossa cidade, vou guardar essa pra pesquisar mais tarde. 
No trabalho, bato o dedo, ou o que a gente chama de “bater o dedo”.
“Bater o dedo” é quando você chega num relógio grudado na parede e põe o polegar num negócio que lê sua digital e mostra seu nome num visor azul. Depois que aparece seu nome, você tem que puxar um papel com a hora que prova quando você “bateu o dedo”. Eu fico com preguiça então deixo o papel cair do relógio no chão. Eu sei, sujando o planeta e tudo e tal, mas é hoje, não sei o que é com o dia de hoje, mas é hoje.
Tem alguma coisa errada.
Ou certa.
O negócio é que eu sento na cadeira, já com o expediente em mãos, ou melhor, o papel dizendo que eu tenho expediente a cumprir no chão, longe da minha mão (graças a deus) e agora que eu sento, sinto uma coisa me lamber a alma e preciso pegar aquele livro. Assim na terra como embaixo da terra. Tem um javali meio monstro na capa. Abro o livro e de repente fico surdo!
Me mexo, mas não consigo tirar a cabeça da reta do livro, é como se minha visão estivesse amarrada às páginas.
Fico com medo.
Leio uma página de cada vez, tentando desviar o olhar no fim de cada uma, mas não acontece nada. No fim de uma página tem ponto final e eu imagino que é aí que eu vou conseguir romper a corda que segura meus olhos, algum feitiço sombrio que eu tenho que tentar driblar. Faço um pouco mais de força pra virar a cabeça e meu pescoço estala, o que aumenta meu medo e decido continuar indo uma página de cada vez. Não adianta ter ponto final.
Sinto que estou tremendo. Um zunido abafado no ouvido e eu sinto que alguém me toca. Tem alguém me balançando! No fim dessa página, acabo o capítulo, mas eu não vi e ela virou sozinha e logo começou outro e eu tô preso como tá presa a alma no corpo. De repente, me acomete uma fome e uma sede, mas isso só me faz rasgar as páginas com mais força com os olhos, que nem um bicho desesperado. Começo a chorar. Ainda tem gente me tocando, agora com mais força, me empurram de um lado pro outro sem saber o que tá acontecendo e eu não consigo explicar porque minha cara não se mexe.
Tenho outra ideia: agora vou tentar folhear o livro todo até o final e ler a última linha. Talvez o feitiço acabe só quando eu terminar. Sinto uma pancada na barriga. 
Agora não estou mais com medo do lado de dentro. Estou com medo do lado de fora.
Desce uma gota de suor na minha cara. Dos lados é tudo vulto, as porradas que tô levando eu também não sinto, só um eco delas, como quando a gente desmaia e cai e não sente o corpo bater, só o eco do corpo. Se acordar, eu vou morrer com essas pancadas.
Não consigo rezar, minha prece é inútil. Não tem deus aqui dentro. As pancadas ficam mais fortes e eu penso que em alguma hora quem tá batendo do lado de fora vai conseguir me tirar do lado de dentro. Um vento gelado entra na minha perna, tem carne exposta.
Tem mais de uma pessoa me batendo, mas ninguém tenta tirar o livro da minha mão.
Alguém me chacoalha e eu vomito, mas não acerto o livro. Acho que caguei nas calças, mas não sei.
Enfim chego à última página.
Termino? penso.
Termino a última linha?
Não.
Leio a última linha de novo.
E de novo.
Não raspo os olhos no ponto final.
Subo um parágrafo. Depois outro.
Leio o livro todo de trás pra frente. 
Alguém me levanta e me joga no chão.
Leio até a última linha de novo.
E de novo.
E de novo.
E de novo. 
E de novo.
Tem amor por perto. Sinto um calor. Sinto um perfume. Alguém que gosta de mim veio me ver, mas não me atrevo mais a tentar sair. De novo, não termino o livro e volto pro começo, parágrafo por parágrafo. 
Ninguém me tira o livro da mão.
Já não lembro de quando comecei a ler pela primeira vez.

Poesia concreta

A poesia concreta surgiu a partir do Concretismo, fase literária voltada a valorização e inserção dos aspectos geométricos à arte (música, artes plásticas). Foi pela primeira vez apreciada pelo público em 1952, através da publicação da revista ''Noigrandes'', fundada por três poetas: Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos.

Entretanto, é em 1956, com a Exposição Nacional de Arte Concreta em São Paulo, que a poesia concreta é reconhecida e consolidada como uma nova e inusitada vertente da literatura brasileira que se tornou uma arte contemporânea. 

A poesia concreta tem como característica marcante e primordial o uso de disponibilidades gráficas, ou seja, não há preocupação com a estética tradicional de começo, meio e fim e, por isso, é chamado de poesia objetiva. Outros aspectos que podemos destacar desse tipo de poesia são:
  • A eliminação do verso;
  • O aproveitamento do espaço em branco da página para disposição de palavras;
  • A exploração dos aspectos sonoros, visuais e semânticos dos vocábulos;
  • O uso do neologismo e termos estrangeiros;
  • Decomposição das palavras;
  • Possibilidades de múltiplas leituras.
Podemos observar tais características na poesia ''amortemor'' de Augusto de Campos, 1970.

Augusto de Campos: amortemor, 1970

A partir do que foi explicado sobre poesia concreta, abaixo há uma do gênero criado por Wesley da Cruz, com o título pressagio do fim.


Atividade didático-pedagógica:

Os alunos deverão:
  1. Criar grupos de no máximo 5 integrantes;
  2. Pesquisar sobre os poemas concretos, buscando suas características e principais autores; 
  3. Cada grupo deverá criar uma poesia concreta com base nas pesquisas e nos vídeos de apoio;
  4. Em seguida, deverão registrar suas poesias com o auxílio do celular, com fotos ou vídeos;
  5. Por fim, o professor criará uma conta no Instagram para a turma, em que todos deverão postar seus registros no feed e explicar, através dos stories, o que os inspiraram a criar o poema em questão e como se deu a montagem.

Vídeos de apoio:

Beba coca cola de Décio Pignatari 
https://www.youtube.com/watch?v=JrKG0xfPLj0&gl=BR

Christian Caselli, Cinco Poemas Concretos. 
https://www.youtube.com/watch?v=yC3e7rmSYM4

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Conto: Características do gênero literário. UOL Educação. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/conto-caracteristicas-do-genero-literario.htm. Acesso em: 17 de outubro de 2019.

ESTILO E LITERATURA. O que é conto?. YouTube. 2018. Disponivel em: https://www.youtube.com/watch?v=F6KrHeHiRP4. Acesso em: 26 de outubro de 2019.

DIANA, Daniela. Conto, Toda Matéria. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/conto/. Acesso em: 26 de outubro de 2019.

PANDORA VESTIBULARES. O Espelho de Machado de Assis. YouTube. 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=uhc_-RhzD7w Acesso em: 26 de outubro de 2019.

VILARINHO, Sabrina. Poesia Concreta. Mundo Educação. Disponível em: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/literatura/poesia-concreta.htm. Acesso em: 28 de outubro de 2019.

PEREZ, Luana Castro Alves. Cinco poemas de Augusto de Campos. Mundo Educação. Disponível em: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/literatura/cinco-poemas-augusto-campos.htm. Acesso em: 28 de outubro de 2019.

Grupo composto por:

DOUGLAS FELIPE DOS SANTOS | RA: F056IA-6
GEOVANNA NICOLE DE OLIVEIRA POLICARPO | RA: N40597-0
JOSI ROBERTA FARIA GONZAGA | RA: D93333-7
TALYSSA MONTEIRO Y CARNERO | RA: N488EA-0
THALES HENRIQUE LESSA CHAGAS | RA: F01078-3
WESLEY DA CRUZ VICENTE | RA: D89976-7


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