Mia Couto e Ensino Híbrido: novos caminhos para a didática literária
Introdução
O projeto pretende elucidar alguns pontos relevantes para o processo de integração ensino-literatura-tecnologia, sob a perspectiva de que essa integração pode ser importante para a melhora do aprendizado dos estudantes nos ensinos fundamental e médio. Para tal, foi selecionado o autor moçambicano e lusófono Mia Couto, cuja obra se insere no contexto contemporâneo, levando a um maior leque de possibilidades de diálogo entre sua poesia e as novas tecnologias.
Quanto ao histórico da educação brasileira, os resultados do Programme for International Student Assessment (PISA), divulgados em Maio de 2015 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2015), mostram que entre os 76 países avaliados, o Brasil ocupou a 60ª posição no ranking. Já em 2018, o Brasil aparece em 57ª posição e segue estagnado até 2019.
Diante desse contexto, para além de todas as questões políticas, sociais e econômicas relatadas no processo deste projeto, surgem dúvidas, tais como: os professores estão preparados para integrar a tecnologia no ensino? Quais estratégias pedagógicas podem auxiliar o professor nesse trabalho? O aluno consegue associar o conteúdo ao cotidiano tecnológico em que vive? De que forma a escolha de um autor pode influenciar nessa associação? Existem metodologias pensadas para auxiliar esse tipo de integração?
Essas perguntas levam a reflexões acerca do modo como a literatura é abordada no ensino. Por isso, levando em consideração a modernidade contemporânea, buscou-se explicar como e por que essa integração pode se beneficiar de bases como as metodologias ativas (BACICH; MORAN, 2018) aplicadas à obras contemporâneas como a poesia do autor Mia Couto.
Objetivo
O objetivo principal do projeto é propor uma integração entre o ensino de literatura e as novas tecnologias. Tendo em mente as exigências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), partindo do trabalho com metodologias ativas (BACICH; MORAN, 2018), tais como o ensino híbrido e a sala de aula invertida, assim como a inserção de Literatura contemporânea e contextualmente significativa, buscou-se esclarecer a importância do olhar complexo nesse sentido. Ou seja, que não basta simplesmente inserir a tecnologia na sala de aula, mas que a efetividade dos benefícios tecnológicos depende da atualização de metodologias e do trabalho com textos significativos, em conjunto, fazendo com que a integração realmente aconteça.
O professor como orientador ou mentor ganha relevância. O seu papel é ajudar os alunos a irem além de onde conseguiriam ir sozinhos, motivando, questionando, orientando. [...] Estudos revelam que quando o professor fala menos, orienta mais e o aluno participa de forma ativa, a aprendizagem é mais significativa. (DOLAN; COLLINS, 2015 apub BACICH; MORAN, 2018)
A elaboração do projeto, visando a atividade didático-pedagógica, segue as habilidades propostas pela BNCC em que o aluno deve compreender figuras de linguagem e “produzir apresentações e comentários apreciativos e críticos sobre livros, filmes, discos, canções, espetáculos de teatro e dança, exposições etc.” (BNCC, p.526) além disso, deve ser capaz de “parodiar poemas conhecidos da literatura e criar textos em versos” (BNCC, p.187).
Justificativa
Esse projeto se justifica na busca por métodos teóricos que formem um elo de integração entre o ensino de Literatura e as tecnologias.
Os estudantes do século XXI têm inúmeras ferramentas digitais à sua disposição. Por consequência, quando se pensa na integração ensino-tecnologia, deve-se levar em consideração essa realidade contemporânea. Ou seja, é necessário entender que o aluno já tem acesso a essas ferramentas tecnológicas e que, sem assimilar a fonte inesgotável de informação que tem nas mãos, ele acaba utilizando somente como forma de entretenimento.
Segundo Bacich e Moran (2018), é justamente esse acesso à informação que torna o aluno não mais um simples ouvinte, mas sim o protagonista do seu próprio processo de aprendizagem. Fica claro que os educadores devem se preocupar não só com a introdução dos meios tecnológicos, ferramentas que o aluno provavelmente já conhece e domina, mas também e principalmente com metodologias que, aplicadas à essa utilização, façam com que o aluno consiga entender o seu papel nesse novo e moderno universo. Assim ele poderá se interessar pela utilização consciente da tecnologia alinhada à resolução de problemas, à assimilação de conteúdo teórico e literário, que o auxilie na vida e, consequentemente, em sala de aula.
Estamos no auge da era tecnológica, mas não vivemos na era do conhecimento (vide dados relatados). Ou seja, mesmo quando o estudante tem acesso a tecnologia, isso não parece ser o suficiente. Segundo Bacich e Moran (2018), “a informação não serve para nada quando o conhecimento não é construído” e esse parece ser um aspecto relevante para a projeção de melhoras no ensino; algo que antecede a tecnologia e se mostra ainda mais necessário após o surgimento dela.
A aprendizagem mecânica, normalmente realizada pelas escolas de cunho mais tradicional, é caracterizada pelo escasso número de relações que podem ser estabelecidas com esquemas de conhecimento presentes na estrutura cognitiva e, portanto, é facilmente submetida ao esquecimento. Conhecimento é a informação em ação prática [...] Os estudantes aprendem o que vivenciam. Se eles convivem com as consequências de seus atos – são responsáveis, corresponsáveis pelo seu processo de aprendizagem – então aprendem a se tornar responsáveis. Se convivem com expectativas positivas, aprendem a construir um mundo melhor. Se convivem com o respeito no trabalho em grupo e nos salões compartilhados, aprendem a ter consideração pelos outros. Se convivem com o apoio de educadores e de outros estudantes, aprendem a apoiar e a se aceitar melhor. Se convivem com responsabilidade, aprendem a ser autossuficientes. (SENNA; MORAIS; ZANERATTO ROSA; FERNANDEZ, apub BACICH; MORAN, 2018)
Para Ausubel (1963, p. 58 apub BACICH; MORAN, 2018), “a aprendizagem significativa é o mecanismo humano, por excelência, para adquirir e armazenar a vasta quantidade de ideias e informações representadas em qualquer campo de conhecimento. Para que o mecanismo seja acionado, é preciso que o aprendiz já possua algum conhecimento prévio, ou seja, já deve existir uma estrutura cognitiva em funcionamento.” É nesse contexto cognitivo que se justifica o uso de metodologias ativas que usam a tecnologia como ferramenta, como a sala de aula invertida e ensino híbrido, por exemplo.
Além disso, trabalhar com a tecnologia no ensino é necessariamente aceitar que o professor não é mais o “mestre”, ou seja, que o aluno tem a fonte de informação em suas mãos. Assim, o professor pode obter melhores resultados ao aplicar metodologias que fazem com que o aluno se empodere desse lugar central com consciência, direcionando-o, para que ele atribua significado ao conteúdo e às suas ferramentas. E isso acaba evidenciando a importância em relacionar o aprendizado com a realidade do aluno, sua história de vida, sociedade e relações.
Nesse sentido, para o estudo literário e a integração de novos nomes artísticos nas atividades didáticas, o escritor Mia Couto se insere depois de uma grande “peneira” pela qual foi submetida a linha de pensamento para a inserção de obras de escritores não-portugueses, porém lusófonos, que coubessem, de forma efetiva, na Base Comum Curricular.
A escolha do escritor moçambicano vem depois da sugestão pela substituição de algum autor já utilizado em sala de aula para o ensino de literatura portuguesa – poesia e se apresenta como uma proposta de inserção, para que cause uma aproximação entre aluno e literatura justamente pela proximidade física (de época), já que o autor contemporâneo tem a vantagem da possibilidade de contato, tanto metaforicamente (através dos textos), quanto físico (através de feiras literárias).
Estimula-se, assim, o consumo e a divulgação da literatura contemporânea como material didático com a intenção de inserir o escritor no cotidiano do aluno leitor.
Com base na lei 10639/03, de 9 de janeiro de 2003 que insere, nas escolas, a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura africana e afro-brasileira, o escritor Mia Couto se encaixa como expoente não só por sua produção textual, como também por possuir o elemento representativo a que a lei de 2003 se refere, inserindo a diversidade cultural lusófona no ensino, tanto público quanto particular. Devido a este fato o ensino da história e da cultura africana e afro-brasileira também é prevista na Base Nacional Comum Curricular, abordando a necessidade de no campo artístico literário do ensino médio, que os alunos deverão ter a habilidade de analisar obras da literatura portuguesa, africana e outras (BNCC, p.526), neste caso, Mia Couto encaixa-se em ambas as categorias.
Para além dos termos expostos, a obra do autor moçambicano aborda e é um fruto do contexto vivido por ele, fazendo com que os alunos tenham contato com a história e cultura do país africano.
Mia Couto já é, de certa forma, inserido na vida dos estudantes, mas os que desejam ingressar no ensino superior público. Desde 2014, suas obras vêm sendo adotadas como leitura obrigatória para ingresso nas mais concorridas universidades do país, como Unicamp e USP.
Metodologia
Em discussão teórica sobre a aplicação de metodologias ativas no ensino, Lilian Bacich e José Moran (2015) afirmam que a mobilidade e a conectividade deixaram o processo híbrido (que combina aprendizado on-line e off-line) muito mais “perceptível, amplo e profundo” e salientam que a educação sempre foi, de certa forma, “híbrida, misturada, mesclada [...] sempre combinou vários espaços, tempos, atividades e públicos”.
Assim, o surgimento desses ambientes digitais fazem com que os estudos sobre o ensino híbrido tragam uma importante contribuição para a organização de novas situações didáticas. Nessa nova configuração do processo de aprendizagem, o professor se torna “cada vez mais um gestor e orientador de caminhos coletivos e individuais” (MORAN, 2015) visto que o antigo lugar de “fonte do conteúdo” agora é ocupado também por ferramentas tecnológicas. Temos, assim, um novo ambiente de aprendizagem.
[...] o ensinar e o aprender acontecem em uma interligação simbólica, profunda e constante entre os chamados mundo físico e digital. Não são dois mundos ou espaços, mas um espaço estendido, uma sala de aula ampliada, que se mescla constantemente. (MORAN, 2015)
Ambientes digitais, além de mudarem a configuração do processo de aprendizagem, também fazem com que os alunos tenham consciência do seu próprio desenvolvimento. Quando dominam determinado conteúdo, podem avançar e ajudar seus colegas e, quando com dificuldades, têm a possibilidade de voltar o conteúdo, de modo a compreendê-lo melhor.
[...] o trabalho colaborativo pode estar aliado ao uso das tecnologias digitais e propiciar momentos de aprendizagem e troca que ultrapassam as barreiras da sala de aula [...] em uma ação realmente integrada, na qual as tecnologias como um fim em si mesmas não se sobressaem à discussão nem à articulação de ideias que podem ser propostas em um trabalho colaborativo. (BACICH; MORAN, 2018)
Estudos que associam o ensino híbrido com a sala de aula invertida, mesclando a tecnologia às metodologias ativas, mostram que essa associação evita a visão reducionista que propõe ações como assistir vídeos antes da aula e realizar atividades depois, por exemplo. Segundo os autores, nota-se a importância em combinar as tecnologias com dimensões da personalização/individualização e autonomia dos alunos. Desta forma, a tecnologia associada à mediação do professor se torna uma ferramenta de auxílio para um contato mais livre dos estudantes com o conteúdo e também um novo ambiente para discussão e trabalho colaborativo.
A discussão sobre esse tipo de método é importante também para esclarecer crenças limitantes do senso comum. A possibilidade de o aluno aprender o básico por si mesmo, por exemplo, não quer dizer simplesmente colocar a tecnologia à disposição e ver o que acontece. Ao contrário disso, os estudos apontam que o aprendizado significativo depende da orientação do professor, que, apresentando direções tanto com relação ao tema quanto às ferramentas, se transforma em um orientador.
O articulador das etapas individuais e grupais é o docente, com sua capacidade de acompanhar, mediar, analisar os processos, resultados, lacunas e necessidades a partir dos percursos realizados pelos alunos individualmente e em grupo. Esse novo papel do professor é mais complexo do que o anterior de transmitir informações. Precisa de uma preparação em competências mais amplas, além do conhecimento do conteúdo, como saber adaptar-se ao grupo e a cada aluno, planejar, acompanhar e avaliar atividades significativas. (BACICH; MORAN, 2018)
Nessa perspectiva, a aprendizagem pode ser mais significativa quando o aluno é motivado, quando há diálogo sobre as atividades e a forma de realizá-las. Para alcançar esse engajamento, seria interessante que o conteúdo trabalhado em sala de aula estivesse relacionado à realidade do aluno, seja em textos contemporâneos e historicamente significativos (vide ANEXO A), como no caso da atividade aqui proposta, seja em qualquer outro aspecto observado pelo professor em seu dia a dia.
Lidar com as tecnologias da inteligência na era digital envolve recriar sentidos e significados para o conhecimento construído e compartilhado em redes. Inovar é mudar ações, comportamentos, ou seja, assimilar, na vivência dos gestos, das narrativas, dos percursos cotidianos no contexto de cada sala de aula, físicas ou on-line, novas experiências significativas do aprender e do ensinar (LÉVY, 2010 apub BACICH; MORAN, 2018).
No caso específico do ensino de Literatura, Bacich e Moran (2018) salientam a importância da experiência estética, que já consta nas orientações curriculares oficiais do MEC. O documento utiliza o termo “experiência literária”, entendida como o “contato efetivo com o texto”, o que capacita o aluno a se apropriar da literatura. Os benefícios desse contato direto com o texto, tendo em vista o ano específico de cada turma, são assim apresentados pelo documento oficial:
[...] podemos pensar em letramento literário como estado ou condição de quem não apenas é capaz de ler poesia ou drama, mas dele se apropria efetivamente por meio da experiência estética [...] Só assim será possível experimentar a sensação de estranhamento que a elaboração peculiar do texto literário, pelo uso incomum da linguagem, consegue produzir no leitor, o qual, por sua vez, estimulado, contribui com sua própria visão de mundo para a fruição estética. A experiência construída a partir dessa troca de significados possibilita, pois, a ampliação de horizontes, o questionamento do já dado, o encontro da sensibilidade, a reflexão, enfim, um tipo de conhecimento diferente do científico, já que objetivamente não pode ser medido. O prazer estético é, então, compreendido aqui como conhecimento. participação, fruição. (BRASIL, 2006, p. 55)
Experiência estética seria o processo que ocorre na interação entre o indivíduo e o objeto estético em questão. Na leitura de um poema, no caso de alunos do ensino médio, por exemplo, as chances de cada um entender da mesma forma, das mesmas imagens tomarem suas mentes, de surgirem as mesmas lembranças e sensações, é praticamente nula.
Para Bacich e Moran (2018), as experiências de cada pessoa colaboram para diferentes experiências estéticas. Assim, seria impossível controlar as emoções e os processos cognitivos que ocorrem no momento em que um adolescente está lendo um poema, visto que não é possível controlar com rigidez o repertório de leituras de cada um deles. Nesse caso, o professor deverá ajudar na construção de um histórico literário que habilite o aluno a ler o que se propõe como conteúdo programático. “A aplicação de metodologias ativas no ensino de Literatura pode contribuir para que, com o auxílio da tecnologia, o professor crie um ‘repositório de conhecimento’” (BACICH; MORAN, 2018).
Encontrar informações na internet sobre o contexto da obra e do autor, assim como análises e informações sobre movimentos literários aos quais a obra analisada possa ser associada, podem ser bons exercícios voltados ao aumento do repertório do estudante. No caso do trabalho com autores vivos, o professor poderá compartilhar links de redes sociais desses autores, assim como vídeos e lives onde explicam ou falam mais sobre sua obra.
Bacich e Moran (2018) propõe
[...] o uso de plataformas digitais nas quais o professor possa centralizar e organizar um pouco mais esses links e conhecimentos a fim de auxiliar o aprendiz no momento de leitura literária. (BACICH; MORAN, 2018)
Ferramentas como o Google Classroom, onde os alunos se reúnem, trocam informações, links, arquivos e usam a timeline para abrir debates sobre o conteúdo.
Depois desse primeiro contato através de uma plataforma centralizada pelo professor e da interação dos alunos com conteúdos digitais acerca do tema, eles poderão então dividir suas “experiências literárias” com os colegas de forma híbrida e, após o direcionamento teórico do professor com relação ao conteúdo específico de cada ano, compartilhar pública e formalmente suas observações e/ou suas produções, baseadas na obra e em tudo o que aprenderam nesse processo.
O professor precisa aprender a utilizar os recursos tecnológicos, mas seguindo um planejamento que considere seus alunos e suas mais particulares necessidades, seus saberes anteriores ao processo escolar [...] porque “tudo o que o aluno traz para a escola como ‘conhecimento prévio’ se estruturou em sua relação com o seu meio [...], do qual os meios de comunicação fazem parte” (SPRITZER; BITTERCOURT, 2009 apub BARBOSA, 2017).
Atividade didático-pedagógica
Tendo em vista as metodologias descritas, a atividade didático-pedagógica realizar-se-á seguindo as seguintes etapas:
1ª – O professor irá introduzir os conceitos de figuras de linguagem, tais como metáfora, metonímia, aliteração, comparação, hipérbole, entre outras. No final desta aula, ele irá conversar com os alunos, de forma despretensiosa, sobre a biografia do autor Mia Couto e apontará características interessantes da vida do autor. Nesse momento, as redes sócias do Mia Couto deverão estar disponíveis na lousa para que os alunos o adicione em seu cotidiano digital. Em seguida, o docente irá anunciar a criação de um ambiente virtual de aprendizagem na plataforma Google Classroom e pedirá para que os alunos tragam, na próxima aula, seus e-mails ativos para entrarem no sistema.
2ª – Nesse ambiente virtual, o professor disponibilizará materiais sobre o autor Mia Couto, tais como biografia, poemas, livros, vídeos, etc. e permitirá que os próprios alunos também mandem materiais para esse mural. Além disso, o professor irá colocar questões em teste ou discursivas para que o aluno realize-as e fixe a matéria sobre as figuras de linguagem. Esse será, então, um novo espaço de convivência entre alunos e professor, lugar onde serão compartilhados dados e, mais do que isso, lugar onde o professor poderá mediar análises e discussões. Logo, é fundamental que o professor esteja atento, sempre abastecendo e organizando o local.
3ª - No dia da aula preparada para a introdução formal da obra do autor, os alunos já terão uma referência cognitiva acerca desse material. O professor irá, então, propor uma leitura compartilhada de poemas escolhidos pelos próprios alunos, fazendo uma breve análise dos mesmos, em que cada um irá expor suas visões. Pedirá que os alunos anotem os aspectos mais marcantes dessa experiência para que, em seguida, eles compartilhem esses papéis uns com os outros de forma despretensiosa e aleatória, entrando, assim, em contato com outras perspectivas acerca dos mesmos textos. O professor fará uma nova discussão para que os estudantes apresentem novas ideias que tiveram através dessa interação com as visões dos seus colegas.
4ª (Ensino Médio) – No final, será proposto aos alunos do Ensino Médio a realização, em grupo, de um vídeo apresentando um ou mais poemas do autor estudado, analisando-os de modo crítico e reflexivo. Esse vídeo deverá ser compartilhado no YouTube identificado com o nome de cada integrante e a turma. Além de método para avaliação dos alunos do Ensino Médio, o docente também fará uso desses vídeos ao introduzir o autor ao Ensino Fundamental. Assim, os alunos do Ensino Fundamental entrarão em contato com as obras do Mia Couto por meio de vídeos produzidos pelos seus próprios colegas de instituição.
4ª (Ensino Fundamental) – No final do projeto com os alunos do Ensino Fundamental, será proposto que escolham um poema do autor, identifique as figuras de linguagem contidas neste poema e façam seus próprios textos autorais baseados nessas figuras. O professor irá postar cada um desses poemas na plataforma Medium, em um perfil coletivo para a turma. O espaço ficará aberto para que eles compartilhem o link dessas produções com seus colegas, amigos e familiares.
Referências Bibliográficas
BACICH, L.; MORAN, J. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018.
BARBOSA, Alberto Hércules dos Santos Coelho. O ensino de literatura e o uso de recursos tecnológicos no ensino médio. Educação Pública. Disponível em: <https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/17/15/o-ensino-de-literatura-e-o-uso-de-recursos-tecnolgicos-no-ensino-mdio> Acesso em: 10 de maio de 2020.
BRASIL. Orientações Curriculares para o Ensino Médio: Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006.
BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 jan. 2003a, p. 01 Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.639.htm>. Acesso em: 15 de maio de 2020.
CAMARGO, F.; DAROS, T. A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar o aprendizado ativo. Porto Alegre: Penso, 2018.
MARTINS, Lívia. Fuvest inclui pela primeira vez autor africano na lista de livros obrigatórios. Veja. 2016. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/educacao/fuvest-inclui-pela-primeira-vez-autor-africano-na-lista-de-livros-obrigatorios/>. Acesso em: 15 de maio de 2020.
ANEXO A - Poemas escolhidos como exemplo da obra de Mia Couto
Tardio
“Quando quis ser fruto
fui fome,
não mais do que areia
de um chão sem cio.
Quando sonhei ser pano
fui agulha.
E morri no sono do gesto
de enrolar o fio.
Quando aprendi a ser poente
já não havia céu.
Quando quis anoitecer
tudo era luz.
E assim me condeno
em livre vício:
no mais derradeiro
eu só vislumbro um início.”
Doença
“O médico serenou Juca Poeira.
Que ele já não padecia da doença
que ali o trouxera em tempos.
E o doutor disse o nome
da falecida enfermidade:
“Arritmia paroxística supraventricular”
Juca escutou, em silêncio,
com pesar de quem recebe condenação.
As mãos cruzadas no colo
diziam da resignada aceitação.
Por fim, venceu o pudor
e pediu ao médico
que lhe devolvesse a doença.
Que ele jamais tivera
nada tão belo em toda a sua vida.”
Grupo:
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Geovanna Nicole de Oliveira Policarpo N405970
Jéssica Xavier Marques N537493
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