APROFUNDAMENTO: eixos paragmático e sintagmático
Agora que já abordamos sobre morfemas e sintagmas, vamos nos aprofundar ainda mais no assunto, para posteriormente, abordarmos os conceitos de frase e texto, as outras duas unidades linguísticas que explicaremos neste trabalho.
Para tal, é necessário entender que ao produzir um enunciado linguístico, o falante se usa da articulação entre duas atividades da língua: a escolha de uma forma e a relação entre elas. Essa escolha citada se encontra em dois arquivos (os gramemas, que pertencem ao sistema fechado da língua; e os lexemas, que pertencem ao sistema aberto) e depende do conhecimento que o falante tem a respeito de tais unidades linguísticas.
No contexto da Língua Portuguesa, a relação entre essas unidades se dá em uma linha imaginária horizontal, que se dispõe em sequência, da esquerda à direita. Nesse sentido, entra o conceito de cadeia falada, que é a ordenação dos signos linguísticos em função do tempo, consoante tal linha imaginária. Esse fenômeno tem como resultado uma mensagem, com sentido dependente tanto à semântica expressa pelas unidades escolhidas e da função que elas desempenham de maneira relacionada.
Ou seja, o falante escolhe entre um conjunto de possibilidades de formas que ainda se encontram ausentes de discurso e faz relação com aquelas que escolheu para que, em conjunto, possam se mostrar presentes na construção feita por esse arranjo linear. A escolha entre o acervo virtual se realiza, de certo modo, em uma linha vertical que apresenta todas as infinitas possibilidades de palavras ausentes de discurso na língua, e esse conjunto é chamado de eixo paradigmático. Já ao arranjo que vai se estabelecendo sob as leis da morfossintaxe com as unidades em presença no discuso, deu-se o nome de eixo sintagmático. Veja:
Voltando ao quadro: perceba que, no eixo sintagmático, a oração é formada pelo agrupamento de unidades linguísticas escolhidas que mantém entre si relações específicas. Por exemplo:
a) as palavras "Aquele", "O" e "Sua", que iniciam as três construções propostas, se relacionam e concordam, sequencialmente, com "rapaz", "homem" e "filha". A relação e concordância entre os vocábulos é a mesma nas três frases e formam um bloco;
b) Tal bloco, por sua vez, se relaciona com "atirava uma pedra", "jogou as frutas" e "guardou aquele dia" e;
c) A sequência descrita anteriormente, por conseguinte, é relacionada com "nos pássaros", "na caixa" e "no coração", que são as expressões que finalizam as orações.
Sendo assim, no estudo da língua, todos os recortes feitos na vertical revelam um estudo morfológico, já que visa ao estudo isolado da palavra, sem relação com os outros vocábulos do discurso, com a intenção de, por exemplo, dissecá-la em todas as suas partes constituintes. Já o caráter sintático está atribuído ao estudo que envolve relações entre, pelo menos, duas unidades presentes na tal linha imaginária, representado pelo eixo sintagmático. Esse fenômeno justifica a afirmação de que o campo de atuação da sintaxe é o eixo sintagmático, enquanto que o da morfologia é o eixo paradigmático.
No entanto, é importante frisar também que não se pode sustentar que a língua em uso funcione ora paradigmaticamente, ora sintagmaticamente, visto que esses recortes servem somente para obter-se uma visão mais didática dos acontecimentos da língua. O correto é afirmar que a língua funciona morfossintaxicamente, ou seja: funciona tanto paradigmaticamente, como sintagmaticamente, ao mesmo tempo. Em decorrências, os estudos linguísticos mais eficazes se dão com base na nossa disciplina, a morfossintaxe. Isso fica bem nítido quando reparamos que o usuário de uma língua materna, de forma rápida e inconsciente, "escolhe" unidades de seu acervo de palavras "nas vertical" e as liga "na horizontal" desde muito cedo para efetivar um discurso.
INTEGRANTES:
Lara Letícia de Souza Alvarenga - N3906F1
Lúcio da Motta Vieira - F008070
Mariana Vinhas Moreira - N499CG6
Miguel Amorim Coltri Aguiar - D88CFI3
Valdemir Moreira dos Santos - N526AA0
Vitória Marcelly da Silva Nunes - F038CF5
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